Mais um início de semana conversando sobre os mistérios nebulosos de Nanã.
E continuando a falar de ciclos, você sabia que esta Iabá idosa tem fundamento com o renascimento? Não?! Então, vamos conversar mais!
Saluba!
Nanã é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois, quando Odudua separou a água parada já existente e liberou a terra do “saco da criação”, o ponto de contacto desses dois elementos formou a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã.
Senhora de muitos búzios, ela sintetiza em si: morte, fecundidade e riqueza. Seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje (da região do antigo Daomé), significa “mãe”.
Sendo a mais antiga divindade das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo, é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência e mãe dos Orixás Iroko, Obaluaiê , Osanyin e Oxumaré. Entretanto, por ser a deusa mais velha do candomblé, é respeitada como mãe por todos os outros Orixás também.
A vida está cercada de mistérios que atormentam o ser humano ao longo das Eras, porém, quando o homem se viu diante do mistério da morte, ainda na Pré-História, irrompeu-se em seu âmago um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.
Nanã faz-se compreender no momento em que a morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, pois, nesta época os mortos ainda eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, compreendendo assim, os mistérios de Nanã.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.
È, ainda, o começo porque ela é o barro e o barro é a vida.
Esta Iabá pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas ações, vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida, assim como a vida que se reinicia após a morte e vice-versa.
E vocês? Alguma observação a fazer? Deixe seu comentário.
Como vocês já sabem, seguem algumas opções de tecidos que podem ser utilizados na confecção das vestimentas sagradas de Nanã e estão disponíveis para encomenda!
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