quarta-feira, 9 de março de 2016

O Orgulho de ser...

Olá, olá queridos e queridas!!!

Nesta maravilhosa quarta-feira, vamos conversar sobre um texto muito legal de Cleo Agbeni Martins que fala de uma forma simples e admirável sobre o respeito à ancestralidade na nossa religião. E para quem não faz parte, é um ótimo texto para saber um pouco mais sobre como funciona.

Caso você não saiba quem ela é sua importância para a religião afro-brasileira, segue um link que pode te ajudar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A9o_Martins


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Orgulho de ser Àse Ojú Obá Ogó Odò! 

""Cantiga que menino canta, gente grande já cantou."


Em grupos de discussões de membros da Religião dos Orixás, Voduns e Inquices é costume ouvir insistentemente: “As coisas estão horríveis”; “Nos velhos tempos era muito diferente”; “Tio fulano” e “tia ciclana procediam com total ética”; “Agora tudo vai por água a baixo”.


É menos doloroso e comprometedor a gente pintar o pequeno mundo de ilusão a cores e dar de ombros. Continuar nossa vidinha indiferente e empurrar com a barriga; como se nada tivéssemos a ver com o que existe aqui e agora. 

Tia Cantu (a Iya Cantulina Garcia Pacheco (Ayra Tola)) continuamente dizia. “Cantiga que menino canta, gente grande já cantou”. Com isso, afirmava que aprendemos com os mais velhos. Estes são o espelho e modelo. Guardiães da tradição.


Mãe Cantu, Ialorixá do Axé Opô Afonjá de Coelho da Rocha e Iá Egbé do Axé Opô Afonjá de São Gonçalo do Retiro (onde se iniciou, pelas mãos de nossa avó Aninha), era paradigma para todos nós que com ela convivemos no dia-a-dia, em Salvador. De 1988 até 2004, quando nossa tia voltou para o Orun, nos braços de Oiá. Costumava visitá-la com frequência. Jamais me esquecerei de seus aniversários. Meu irmão e amigo Pai Bira de Xangô era o responsável direto pelas comemorações pelo dom da vida de sua ialorixá. A festa de cem anos, em 2000, foi memorável. Os cantores líricos Fernando Portari (tenor) e sua esposa Rosa Maria Lamosa (soprano) - filhos de santo do babalorixá- deram um concerto ao piano de caldas trazido ao Axé. Gilberto Gil chorou de emoção. Lindo. Ana Rubia de Mello e a equipe de filhos de santo do Ile Axé Oju Obá Ogodô deram show de profissionalismo. Todas as grandes lideranças religiosas marcaram presença. 


Tia Cantu era modelo de ética religiosa. Jamais vi a ialorixá Cantulina proceder de maneira bizarra, equivocada; desdizer ensinamentos que recebera e transmitira; por palavras atos ou omissões. Não. O tempo todo – nos cento e quatro anos de sua existência no Aiê (terra), a veneranda senhora nascida no dia 16 de março de 1900 foi modelo de coerência humana e religiosa. E não me refiro somente à religião dos Orixás. 


Recebeu o posto honorífico “Iá Egbé” ainda abiã de “santo assentado”. Não era ainda adoxú (“feita” de Orixá) quando isso ocorreu. 


Mãe Cantu descendia de ilustres africanos com muita significância no candomblé da Bahia. Rodolfo Martins de Andrade, por exemplo. Seu avô, “tio Joaquim” – Obá Sanyá e Olubemin do Axé Opô Afonja - escreveu seu nome com letras de ouro em várias comunidades: Sítio do Pai Adão em Recife (de meu querido amigo Papai Manoel Nascimento Costa, neto do fundador); na Casa Branca do Engenho Velho e no Axé Opô Afonjá (BA).


“Cantiga que menino canta, gente grande já cantou”. Mãe Cantu jamais deixou de observar os mínimos procedimentos e costumes de seus mais velhos. Cumpria-os à risca.


Retornou para Salvador, por determinação de Ayrá, deixando sua filha a Iya Regina Lúcia em seu lugar. E nossa irmã, filha de Iemanjá, não só correspondeu como superou todas as expectativas. Diga-se que tia Cantu sucedera Mãe Agripina de Aganju no Axé.


A ilustre filha de Ayrá sempre respeitou Mãe Stella, nossa Ialorixá, a qual tratava tia Cantu com carinho de filha e sobrinha. Isso eu testemunho e assino em baixo. 


Mãe Stella, apesar de ialorixá consagrada e respeitada, sempre pedia primeiro as bênçãos de tia Cantu. Sempre. E a filha de Ayrá- apesar de todos os seus tantos oiês (títulos) tomava em primeiro lugar as bênçãos de Mãe Pinguinho de Oxum: sua irmã mais velha, do mesmo barco de 1936. Antiguidade é posto. Esta é a tradição herdada de nossos mais velhos. Não se queimam etapas; o amor e respeito seguem na vanguarda. Árvore boa dá bons frutos. 


Que tia Cantu- Iya min Ayrá Tola - continue a velar por todos nós. Iba ré lonin afiedeno."


Como todos podem perceber através do texto de Cleo Martins, na religião afro-brasileira se respeita os mais velhos, é deles que vem o conhecimento e e deles que vem a experiência, mas não somente por isso, somos uma família e como toda família, deve-se respeitar e amar os mais velhos, os irmãos, os sobrinhos, os filhos e os primos. 

Ou seja, uma dos pilares da educação da população que tem se perdido é um dos princípios básicos da religião. Não se faz parte se não se respeita os mais velhos e, por conseguinte, seus irmãos e primos e por aí vai...

Muito axé e sabedoria pessoal!!!

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