quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Xangô - Lenda por Pierre Verger

Boa tarde amigos e amigas de nossa comunidade!!!!

Em algumas partes da lenda contada por Verger em seu livro vocês verão que existe, informações as quais já comentamos em outros posts, mas como a ideia é apresentar e conversar sobre a íntegra das lendas dos belíssimos Orixás, mudei apenas a formatação do texto.

Como todos sabem, Xangô é um Orixá de temperamento impetuoso. Entretanto é o rei da justiça, seu trabalho e seu reino têm de estar em conformidade com a dignidade. Por outro lado, a perda de seu poder foi devastadora para ele. É disto que trata esta lenda. Vamos conferir?

Kawo Kabiyesi le!

"Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era preto à direita e branco à esquerda. Homem valente à direita, homem valente à esquerda. Homem valente em casa, homem valente na guerra.

Oranian foi o fundador do Reino de Oyó, na terra dos iorubas. Durante suas guerras, ele passava sempre por Empé, em território Tapá, também chamado Nupê. Elempê, o rei do lugar, fez uma aliança com Oranian e deu-lhe, também, sua filha em casamento. Desta união nasceu este filho vigoroso e forte, chamado Xangô.

Durante sua infância em Tapá, Xangô só pensava em encrenca. Encolerizava-se facilmente, era impaciente, adorava dar ordens e não tolerava reclamação. Xangô só gostava de brincadeira de guerra e de briga. Comandando os pivetes da cidade, ele ia roubar os frutos das árvores. Crescido, seu caráter valente o levou a partir em busca de aventuras gloriosas.

Xangô tinha um oxé - machado de duas lâminas; tinha, também, um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo. Nele encontravam-se os elementos do seu poder ou axé: aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar, assim, seus adversários, e a pedra de raio com as quais ele destruía as casas de seus inimigos.

O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô. Aí chegando, a pessoas assustadas disseram:
- Quem é este perigoso personagem?
- Ele é brutal e petulante demais! Não o queremos entre nós!
- Ele vai atormentar-nos!
- Ele vai maltratar-nos!
- Ele vai espalhar a desordem na cidade!
- Não o queremos entre nós!

Mas Xangô os ameaçou com seu oxé. Sua respiração virou fogo e ele destruiu algumas casas com suas pedras de raio. Todo mundo de Kossô veio pedir-lhe clemência, gritando:
- Kabiyei Sango, Kawo Kabiyei Sango Obá Kossôf (Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de Kossô!)

Quando Xangô tomou-se rei de Kossô, ele pôs-se à obra. Contrariamente ao que as pessoas desconfiavam e temiam, Xangô fazia as coisas com alma e dignidade. Ele realizava trabalhos úteis à comunidade. Mas esta vida calma não convinha a Xangô. Ele adorava as viagens e as aventuras. Assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum. Ogum o terrível guerreiro, Ogum o poderoso ferreiro.

Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e das tempestades. Ela ajudava Ogum em suas atividades. Toda manhã, Iansã o acompanhava à forja e o ajudava, carregando suas ferramentas. Era ela, ainda, que acionava os sopradores para atiçar o fogo. O vento soprava e fazia: fuku, fuku, fuku. E Ogum batia sobre a bigorna: beng, beng, beng ...

Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar. Vez por outra, ele olhava para Iansã. Iansã, também, espiava furtivamente Xangô.

Xangô era vaidoso e cuidava muito da sua aparência, a ponto de trançar seus cabelos como os de uma mulher. Ele fizera furos nos lobos de suas orelhas, onde pendurava argolas. Usava braceletes e colares de contas vermelhas e brancas. Que elegância!

Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô, Iansã fugiu com ele e tomou-se sua primeira mulher.

Xangô voltou por pouco tempo a Kossô, seguindo depois, com seus súditos, para o reino de Oyó, o reino fundado, antigamente, por seu pai Oranian. O trono estava ocupado por um meio-irmão de XangXangô, mais velho que ele, chamado Dadá-Ajaká - um rei pacífico, que amava a beleza e a arte. Xangô instalou-se em Oyó, num novo bairro que chamou de Kossô. E conservou, assim, seu título de Obá Kossô - "Rei de Kossô".

Xangô guerreava para seu irmão Dadá. O reino de Oyó expandia-se para os quatro cantos do mundo. Ele se estendeu para o Norte. Ele se estendeu para o Sul. Ele se estendeu para o Leste e ele se estendeu para o Oeste. Xangô, então, destronou seu irmão Dadá-Ajaká e fez-se rei em seu lugar.
- Kabiyei Sango Alafin Oyó Alayeluwa! (Viva o Rei Xangô, dono do palácio de Oyó e Senhor do Mundo!)

Xangô construiu um palácio de cem colunas de bronze. Ele tinha um exército de cem mil cavaleiros.
Vivia entre suas mulheres e seus filhos. lansã, sua primeira mulher, era bonita e ciumenta. Oxum, sua segunda mulher, era coquete e dengosa. Obá, sua terceira mulher, era robusta e trabalhadora.

Sete anos mais tarde, foi o fim do seu reino: Xangô, acompanhado de lansã, subira à colina Igbeti,
cuja vista dominava seu palácio de cem colunas de bronze. Ele queria experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios.

Baoummm!!!

A fórmula era tão boa que destruiu todo o seu palácio! Adeus mulheres, crianças, servos, riquezas, cavalos, bois e carneiros. Tudo havia desaparecido fulminado, espalhado e reduzido a cinzas. Xangô, desesperado, seguido apenas de lansã, voltou para Tapá. Entretanto, chegando a Kossô, seu coração não suportou tanta tristeza. Xangô bateu violentamente com os pés no chão e afundou-se terra adentro. lansã, solidária, fez o mesmo em Irá.

Oxum e Obá transformaram-se em rios e todos tornaram-se orixás.

Xangô, orixá do trovão, Kawo Kabiyei le! lansã, orixá da tempestade, Êpa Heyi Oiá! Oxum, orixá das águas doces, Orê Yeyê ô!"

E essa é a lenda de Xangô descrita por Pierre Verger em seu livro Mitologia dos Orixás.

E você, já conhecia essa lenda? Já tinha ouvido alguém contar? Você sabia que a comunicação mais típica da religião dos Orixás sempre foi a falada? 

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