domingo, 14 de fevereiro de 2016

Quaresma e sua relação com Oloríogun

Bom dia amigos e amigos queridos!!!

Hoje vamos continuar nossa conversa sobre o post do carnaval, mas entrando no período que o sucede, a Quaresma, e relacionando-o com a religião africana de maneira geral.

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Como já conversamos um pouco, o momento quaresmal constitui-se como momento litúrgico excepcional, nos quais os devotos são convidados a revisitarem suas vidas a partir da mensagem bíblica, penitenciando-se como preparação da celebração da Páscoa, isto é, da ressurreição de Cristo. A Páscoa é, pois, a experiência de um tempo mítico e cíclico, um encontro do fiel consigo mesmo e com Deus, na preparação do espírito para o espírito de Jesus. A Quaresma é, portanto, um período de introspecção cristã. Longe, então, do imaginário africano e afro-brasileiro.

Mas a verdade é que a Quaresma, como já mencionamos no último post, ainda é hoje, parte integrante do imaginário afro-brasileiro, muito vinculado á religião brasileira, por excelência, a Umbanda. O respeito Umbandista para com o período quaresmal é compreendido na lógica fundadora da sua matriz religiosa: a 'bricolagem' entre imaginários religiosos. Dessa forma, operando a partir de seu imaginário cristianizado, os terreiros de Umbanda - exceção feita a alguns africanizados - encerram as suas atividades religiosos e cobrem seus altares, normalmente de branco, em homenagem a Oxalá, o deus yorùbá sincretizado com Jesus e/ou deus abraâmico.

No caso do Candomblé a narrativa altera-se profundamente. O candomblé é herdeiro, sabemos, do trânsito atlântico. Embora herdeiro da experiência dos batuques de Senzala e dos Calundus mais urbanos, o Candomblé como o conhecemos é o resultado da experiência intra-africana em contexto urbano de finais do século XVIII. Enquanto a Umbanda nasce após a abolição da escravatura, em 1908, o Candomblé emerge em contexto esclavagista, 1780/90, e atravessa um período de mais de cem anos e intensa perseguição. Traz consigo toda uma herança colonialista marcada pela evangelização dos africanos (que começou na África), proibição e perseguição de manifestações religiosas, recalendarização do ano litúrgico de modo a fazer coincidir as festas dos deuses africanos (Orixás) como calendário litúrgico católico, aproveitando os dias sem trabalho em nome dos dias santos para a prática do Candomblé, num processo engenhoso amplamente conhecido como sincretismo afro-cristão.

No Candomblé o período quaresmal é conhecido por Olorogum, do Yorùbá Oloríogun, isto é, "senhor da guerra". Ora, tal definição contrasta profundamente com a ideia de paz, reflexão, introspecção característica da Quaresma. O Olorogum marca o final do ano litúrgico em alguns Candomblés, ano esse que retomaria no sábado de Aleluia. Este período litúrgico candomblecista é resultado das transformações históricas enunciadas, sabendo que o kojoda, o calendário yorùbá tem em 3 de Junho o co meço do ano novo yorùbá. O Olorogum que, em alguns terreiros tradicionais, é celebrado como uma disputa entre Xangô e Oxalá - o que poderá simbolizar uma disputa entre Oyó e Ìfe, as cidades mais importantes do Império Yorùbá - e em outros é dedicado, exclusivamente, a Oxalá.

No Olorogum não acontecem sacrifícios animais, embora sejam oferecidas comidas rituais não apenas aos Deuses, mas também a todos os participantes, servidas diretamente por todos os Orixás do terreiro devidamente incorporados em seus "cavalos". Há, ainda, o costume de proceder á guerra dos atòrís, longas varas, enfeitadas com tecido ou fita branca, numa guerra simbólica exatamente igual a praticada em Èjígbò para Òsògyìan.

Devido ao devir histórico do Candomblé, aos seus encontros religiosos com o imaginário cristão, é comum considerar-se que a quaresma representa, ainda, a reconstituição da criação do mundo por Òdududwà e que a sexta-feira santa representa a descida dos Òrìsàs do Orún (o espaço supra-sensível traduzido por 'além').
(créditos para construção de texto ao site cpcy de Portugal).

No próximo post, conversaremos um pouco mais sobre o Olorogum e sua representação.

Espero que nossa conversa tenha sido esclarecedora e, vamos para mais um domingo maravilhoso!

Muito axé a todos!

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