sábado, 2 de julho de 2016

Abiyan / O Adosu: Olòrisá

Olá, olá comunidade querida!

Vamos dar continuidade à nossa conversa sobre este período inicial na vida de todos que fazem parte da nossa religião?!

Vamos fazer isso através de interessantes trechos do livro "Meu Tempo é Agora" de Maria Stella de Azevedo Santos - Editora Oduduwa, São Paulo, 1993.


Mas antes, vamos dar uma admirada nesse conjunto de saia de Sala e ojá de peito que está uma maravilha e pode ser seu agora mesmo, basta entrar em contato conosco.

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"(...) O período de Abiyan é de suma relevância, principalmente para os de conta-lavada e o de obrigação de borí. É o período de experiência, digamos assim; podem refletir sobre as responsabilidades do filho de santo, de maneira acurada. Ver se é isto mesmo que desejam. Vão conhecendo o Egbé, pensando sobre a hierarquia, vivenciando o dia-dia do Ase. Devem observar o comportamento dos mais velhos, e dos Olóyè; falar pouco e abrir os ouvidos. Verificar se adaptam ao Ilê e a Iyálòrisa.

O tempo mais significativo na vida de um filho-de-santo é este, o de Abiyan.

É temerário a iniciação imediata de pessoas completamente neófitos sobre a complicada hierarquia do Mundo dos Candomblés. Daí erros, arrependimento e acusações. Hoje em dia, têm-se muita pressa de se infiltrar pelos os corredores de um terreiro, sem qualquer respaldo. Há iniciadores que, talvez por inexperiência, ganância e outras diferentes razões, vão logo botando os clientes no Quarto de Asé. Na maioria das vezes, isto não dá certo, acaba sendo motivo de arrependimento e frustrações para ambos os lados.

Têm que haver vivência prévia. Em especial, as pessoas mais esclarecidas e eruditas.
No nosso Asé não dispensamos o período de Abiyan, salvo casos extremados, de vida ou morte. Cada caso é um caso... em geral, o Orisa espera, quer o melhor para o seu filho. Não cabe a nós julgar e, sim, orientar. A pressa é inimiga da perfeição.

(...) Todos os iniciados têm de se conscientizar de que são a essência desta religião milenar, tão deturpada. São sacerdotes de Orisa, seu templo, a religião do Orun com a terra: passado, presente e futuro. (...) O Egbón ou Egbómi, expressão usual, está, por direito, apto a ser um iniciador, podendo participar do corpo de Olyé do terreiro. O conselho religioso é formado por Egbón, escolhido para o desempenho de determinadas funções.

As Ojúbóna são Egbón apontadas para criar Iyáwó no Quarto-de-Asé: é importantíssimo o trabalho delas.

São as “Mães-Criadeiras” do iniciado, responsáveis pelo aprendizado desenvolvido, em principio dos sete anos. Elas agem como intermediárias entre o Iyáwó e Iyálòrisa. Hierarquia é tudo: princípio, meio e fim. Sem ela, o caos... Trevas, desinteligência, falta de comando anarquia. Não é certo, pela hierarquia, que um Olòrisá vá ter com a Iyá, desprezando bons conselhos da Ojúbóna, a menos que esteja havendo alguma coisa terrível, muito errado: se a confiança que Sàngó e sua representante depositaram na mãe pequena do filho não estiver sendo correspondida, então, é preciso acertar tudo o que é constrangedor e triste.

Não tem sentido uma Adosu sem educação, ignorante, bruto, de nariz em pé, senhor da situação e da verdade. Existem três tipos de Adosu às avessas: o cabeça dura, o rebelde e o desinformado, mal orientado. O rebelde sofrerá muito vitima de si mesmo entregue a própria sorte. O desinformado poderá está sendo vitima de uma trama diabólica: a sonegação de informações e disciplina, como forma de agressão dos insatisfeitos e falsos, à figura da Iyálasé.

“Estão vendo os filhos de Fulano? Não tem a mínima educação... por mim... eu mesmo! No meu tempo... e bla ,bla ,bla... “

O mais velho irresponsável está entregue à própria sorte. As conseqüências podem ser terríveis para omissão do maldoso ou covarde. Existe um dia, único dia, sem retorno, no qual o Adosu, por mais sábio que seja, depende dos outros... O julgamento é atroz.

O Iyáwó, alem dos deveres dos filhos-de-santo assentados, é sujeito a outros tantos mais complexos. É necessário que saiba tudo a respeito da vida do terreiro: ciclo de festas, obrigações dos irmãos mais velhos, borí entrada de Iyáwó, asese. Deve participar na medida do possível, de diferentes obrigações, para que aprenda.

Tem que aprender a dançar, cantar, responder os cânticos, comporta-se com dignidade, consideração, simpatia.

Hoje é filho, amanhã, quem sabe?

Em iniciação não se queimam etapas. Iyáwó que não viveu a vida de Iyáwó será um Egbón frustrado. Diga-se o mesmo para o Abiyan. (...) É lamentável um Iyáwó isolado dos demais, em virtude de seu comportamento reprovável, em desacordo às condições de Adosu. (...) Tudo por disciplina e, mais importante, amor! Talvez nem saibam o ase que adquirem... (...) É o cúmulo a falta de traquejo.

O bom senso é transmitido ou depende da sensibilidade de cada qual?

A educação doméstica é trazida “de casa”. O novato sempre é novato na religião, tem que aprender o "bê a bá". A hierarquia e a disciplina têm que ser mantida. O respeito aos Àgba  (mais velhos) é a essência da cultura Yoruba; as mensuras, saudações rituais, etc... quem ama o Ase deve evitar que pereça. Somos responsáveis por nossos atos."

Espero que tenham gostado pessoal!

Um ótimo sábado!

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